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sábado, 30 de novembro de 2013

Petrobras reajusta preço do combustível

A Petrobras anunciou ontem que os preços da gasolina e do diesel serão reajustados a partir de hoje nas refinarias. O reajuste será de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel.
O último reajuste feito pela estatal ocorreu em março deste ano, quando o diesel subiu, em média, 5% nas refinarias. Em janeiro, a Petrobras reajustou o diesel em 5,4% e a gasolina, em 6,6%.
Segundo comunicado divulgado ao mercado, os novos preços passam a vigorar a partir da 0h deste sábado. “Os preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado, não incluem os tributos federais CIDE e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS”, informou a Petrobras. O reajuste de 4% é na gasolina A. Ou seja, no combustível que é distribuído pelo estatal, antes da adição de etanol (atualmente em percentual de 25%).
Como a Cide já está zerada, o novo reajuste nas refinarias tenderá a ser necessariamente repassado para os preços ao consumidor.
A Petrobras informou que o conselho de administração da estatal aprovou a implementação de uma política de preços, mas “por razões comerciais, os parâmetros da metodologia de precificação serão estritamente internos à companhia”. O novo reajuste é defendido há meses pela diretoria da estatal diante do descolamento entre os preços cobrados pela estatal dos motoristas brasileiros e o quanto paga para importar o combustível. A alta dos combustíveis, porém, sempre é motivo de preocupação do governo, uma vez que tem alta relação com o andamento da inflação no país.
O novo reajuste já era aguardado pelo mercado e acionistas da Petrobras como uma medida para diminuir o prejuízo da companhia com a alta do preço do petróleo no mercado internacional e com a valorização do dólar. No terceiro trimestre, o lucro da Petrobras caiu 45% sobre o trimestre anterior, para R$ 3,395 bilhões. A queda foi de 39% em relação ao mesmo período do ano passado.
Ontem as ações da Petrobras avançaram mais de 2%. Mas, no mês, o papel preferencial da companhia caiu 6,4%.
A diferença entre os preços do mercado interno e externo chegou a quase zero em abril. Com a alta do dólar, contudo, bateu os R$ 0,42 centavos por litro em agosto. Hoje, está em torno de R$ 0,13% por litro, de acordo com informações do Bom Dia Brasil. No Brasil, o preço da gasolina varia de capital para capital - o que depende de fatores como a distância da refinaria, a concorrência entre os postos, etc.
Atualmente, o governo controla, na prática, os reajustes de combustíveis da estatal com base, principalmente, em questões relacionadas à inflação. Isso porque o aumento dos preços do combustível impacta na inflação que, neste ano, chegou a ficar acima do teto de 6,5% da meta do governo - em junho, o IPCA em 12 meses ficou em 6,7%.
Política de preços
Com relação à implementação de sua política de preços de diesel e gasolina, a petrobras informou nesta sexta que, após apreciação pelo Conselho de Administração, será aplicada de forma a assegurar que os indicadores de endividamento e alavancagem da companhia retornem aos limites estabelecidos no Plano de Negócios e Gestão 2013-2017.
Em comunicado, a empresa informou que o objetivo é “alcançar, em prazo compatível, a convergência dos preços no Brasil com as referências internacionais” e “não repassar a volatilidade dos preços internacionais ao consumidor doméstico”.
A companhia não deixou claro se a proposta de reajustes de preços automáticos foi descartada.
“Seguindo recomendação de seu Conselho de Administração, por razões comerciais, os parâmetros da metodologia de precificação serão estritamente internos à Companhia. Caberá ao Conselho de Administração avaliar a eficácia da política de preços da Petrobras por
meio da evolução dos indicadores de endividamento e alavancagem da Companhia”, disse o fato relevante.
Alimentos
O aumento dos combustíveis, anunciado ontem pela Petrobras, deve levar a uma alta de preços em outros segmentos como transportes, alimentação e até mesmo nos serviços, de acordo com economistas ouvidos pelo G1. Para eles, a alta determinada para os distribuidores de combustível deverá ser repassada, ainda que parcialmente, ao consumidor.
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A tendência é que o aumento seja repassado às bombas, chegue ao preço do frete e, com isso, ajude a elevar os preços de produtos que dependem de transporte – como os agrícolas, diz o professor da Escola de Economia da FGV-SP, Samy Dana.
Assim, o combustível tem impacto imediato em outros produtos e serviços, diz ele. “Tem o que a gente chama de aumento em cascata. O produto sai do produtor para o distribuidor com frete mais caro; vai de lá para o supermercado mais caro; e vira uma bola de neve. É transferência de custo quase imediata, já que os produtos dependem disso (transporte)”, afirma.
Repasse diluído
O repasse para produtos e serviços não deve ser integral, no entanto, por conta da concorrência – como se vê entre os supermercados – e o ritmo fraco da atividade econômica.
“(O aumento) já não chega inteiro ao posto porque tem outros custos. O camarada não pode cobrar 5% a mais no alface se o diesel subiu 5%. Tem um impacto, mas é só uma parte do custo”, diz o economista da LCA, Francisco Pessoa. O reajuste depende de os setores “poderem” repassar a alta, aponta Samy. Ele vê mais potencial de aumento em setores com concorrência menor, como aéreo e automobilístico, que têm justamente margem de lucro grande e poderiam segurar a alta. Já as feiras livres e supermercados, na avaliação dele, são os que menos devem ter aumentos de preços para o consumidor, já que enfrentam concorrência mais forte.
A alta da gasolina também deve ser mais direta no preço do táxi, que depende de autorização do setor público, e nos custos de pequenos negócios que usam veículos a gasolina, afirma Pessoa, da LCA. Já a subida do diesel gera impacto mais generalizado porque encarece o custo dos transportes públicos, fazendo com que subam para o consumido ou seja preciso mais subsídio.

Tribuna da Bahia

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