A Petrobras anunciou ontem que os
preços da gasolina e do diesel serão reajustados a partir de hoje nas
refinarias. O reajuste será de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel.
O último reajuste feito pela estatal ocorreu em março deste ano, quando
o diesel subiu, em média, 5% nas refinarias. Em janeiro, a Petrobras reajustou
o diesel em 5,4% e a gasolina, em 6,6%.
Segundo comunicado divulgado ao
mercado, os novos preços passam a vigorar a partir da 0h deste sábado. “Os
preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado, não
incluem os tributos federais CIDE e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS”,
informou a Petrobras. O reajuste de 4% é na gasolina A. Ou seja, no combustível
que é distribuído pelo estatal, antes da adição de etanol (atualmente em
percentual de 25%).
Como a Cide já está zerada, o novo reajuste nas refinarias tenderá a ser
necessariamente repassado para os preços ao consumidor.
A Petrobras informou que o conselho
de administração da estatal aprovou a implementação de uma política de preços,
mas “por razões comerciais, os parâmetros da metodologia de precificação serão
estritamente internos à companhia”. O novo reajuste é defendido há meses pela
diretoria da estatal diante do descolamento entre os preços cobrados pela
estatal dos motoristas brasileiros e o quanto paga para importar o combustível.
A alta dos combustíveis, porém, sempre é motivo de preocupação do governo, uma
vez que tem alta relação com o andamento da inflação no país.
O novo reajuste já era aguardado pelo
mercado e acionistas da Petrobras como uma medida para diminuir o prejuízo da
companhia com a alta do preço do petróleo no mercado internacional e com a
valorização do dólar. No terceiro trimestre, o lucro da Petrobras caiu 45%
sobre o trimestre anterior, para R$ 3,395 bilhões. A queda foi de 39% em
relação ao mesmo período do ano passado.
Ontem as ações da Petrobras avançaram mais de 2%. Mas, no mês, o papel
preferencial da companhia caiu 6,4%.
A diferença entre os preços do mercado interno e externo chegou a quase
zero em abril. Com a alta do dólar, contudo, bateu os R$ 0,42 centavos por
litro em agosto. Hoje, está em torno de R$ 0,13% por litro, de acordo com
informações do Bom Dia Brasil. No Brasil, o preço da gasolina varia de capital
para capital - o que depende de fatores como a distância da refinaria, a
concorrência entre os postos, etc.
Atualmente, o governo controla, na prática, os reajustes de combustíveis
da estatal com base, principalmente, em questões relacionadas à inflação. Isso
porque o aumento dos preços do combustível impacta na inflação que, neste ano,
chegou a ficar acima do teto de 6,5% da meta do governo - em junho, o IPCA em
12 meses ficou em 6,7%.
Política de preços
Com relação à implementação de sua política de preços de diesel e
gasolina, a petrobras informou nesta sexta que, após apreciação pelo Conselho
de Administração, será aplicada de forma a assegurar que os indicadores de
endividamento e alavancagem da companhia retornem aos limites estabelecidos no
Plano de Negócios e Gestão 2013-2017.
Em comunicado, a empresa informou que o objetivo é “alcançar, em prazo
compatível, a convergência dos preços no Brasil com as referências
internacionais” e “não repassar a volatilidade dos preços internacionais ao
consumidor doméstico”.
A companhia não deixou claro se a proposta de reajustes de preços
automáticos foi descartada.
“Seguindo recomendação de seu Conselho de Administração, por razões
comerciais, os parâmetros da metodologia de precificação serão estritamente
internos à Companhia. Caberá ao Conselho de Administração avaliar a eficácia da
política de preços da Petrobras por
meio da evolução dos indicadores de endividamento e alavancagem da
Companhia”, disse o fato relevante.
Alimentos
O aumento dos combustíveis, anunciado ontem pela Petrobras, deve levar a
uma alta de preços em outros segmentos como transportes, alimentação e até
mesmo nos serviços, de acordo com economistas ouvidos pelo G1. Para eles, a
alta determinada para os distribuidores de combustível deverá ser repassada,
ainda que parcialmente, ao consumidor.
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A tendência é que o aumento seja repassado às bombas, chegue ao preço do
frete e, com isso, ajude a elevar os preços de produtos que dependem de
transporte – como os agrícolas, diz o professor da Escola de Economia da
FGV-SP, Samy Dana.
Assim, o combustível tem impacto imediato em outros produtos e serviços,
diz ele. “Tem o que a gente chama de aumento em cascata. O produto sai do
produtor para o distribuidor com frete mais caro; vai de lá para o supermercado
mais caro; e vira uma bola de neve. É transferência de custo quase imediata, já
que os produtos dependem disso (transporte)”, afirma.
Repasse diluído
O repasse para produtos e serviços não deve ser integral, no entanto,
por conta da concorrência – como se vê entre os supermercados – e o ritmo fraco
da atividade econômica.
“(O aumento) já não chega inteiro ao posto porque tem outros custos. O
camarada não pode cobrar 5% a mais no alface se o diesel subiu 5%. Tem um
impacto, mas é só uma parte do custo”, diz o economista da LCA, Francisco
Pessoa. O reajuste depende de os setores “poderem” repassar a alta, aponta
Samy. Ele vê mais potencial de aumento em setores com concorrência menor, como
aéreo e automobilístico, que têm justamente margem de lucro grande e poderiam
segurar a alta. Já as feiras livres e supermercados, na avaliação dele, são os
que menos devem ter aumentos de preços para o consumidor, já que enfrentam
concorrência mais forte.
A alta da gasolina também deve ser mais direta no preço do táxi, que
depende de autorização do setor público, e nos custos de pequenos negócios que
usam veículos a gasolina, afirma Pessoa, da LCA. Já a subida do diesel gera
impacto mais generalizado porque encarece o custo dos transportes públicos,
fazendo com que subam para o consumido ou seja preciso mais subsídio.
Tribuna da Bahia
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