Ela também relatou sobre a insistência e a pressa do grupo em levá-la rapidamente para fora do país
Foto: Rubia de Oliveira
O secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Almiro Sena, ouve o relato
Medo, sequelas psicológicas e nenhum dinheiro é o saldo da aventura vivida pela baiana resgatada por uma operação conjunta de combate ao tráfico de pessoas, realizada pelas polícias brasileira e espanhola nos últimos dias. A operação culminou no fechamento de uma boate de prostituição na cidade espanhola de Salamanca.
Durante audiência com o secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Almiro Sena, e com o superintendente de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos, Ricardo Soares, nessa terça-feira (5/2), a vítima da quadrilha comandada por Angel Motos, dono da boate Vênus e chefe do tráfico, contou com detalhes como foi aliciada em Salvador.
“Conheci uma pessoa chamada Márcia na academia de ginástica. Ela ficava me perguntando se eu conhecia a Espanha, se eu tinha interesse em conhecer. Chegou mesmo a dizer que iria comigo, mas na hora H, disse que estava doente. Mandou que eu fosse logo que ela iria depois”, disse.
Eu pensei em desistir, mas disseram que eu não podia mais
Ela também relatou sobre a insistência e a pressa do grupo em levá-la rapidamente para fora do país. “Uma das moças tinha desistido. Eu também pensei em desistir, mas disseram que eu não podia mais. Falaram que eu tinha que pagar a passagem mesmo se não fosse. Eu tive mesmo que ir”, contou.
Dívidas
Antes de viajar, em setembro de 2012, a vítima não tinha nenhuma informação sobre o tráfico humano, sobre como agiam as quadrilhas e muito menos de como se proteger para escapar das armadilhas.
“Eu não sabia de nada, nem do salário, nem das condições de trabalho. Eles apenas disseram que era para trabalhar numa boate como dançarina ou recepcionista e que o dinheiro era bom. Que eu iria comprar um carro e uma casa em pouco tempo”, relatou a vítima.
Segundo ela, a quadrilha era composta por quatro pessoas: Angel Motos, o dono da boate, Márcia, “Neguinha” e “China”, os aliciadores. Estes dois últimos foram detidos no último dia 3 pela Polícia Federal.
Denúncia
As informações sobre o tráfico de pessoas passaram a alcançar a população depois das campanhas educativas promovidas pelos governos Federal e do Estado da Bahia, através da SJCDH.
O resgate da baiana traficada para a Espanha só foi possível após várias denúncias da mãe ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal, que se uniu à polícia espanhola para resgatar as vítimas da quadrilha de Angel, também conhecido como Cigano.
Segundo o secretário Almiro Sena, que está à frente da SJCDH desde Janeiro de 2011, “está em andamento a cooperação internacional entre o Brasil e os estados membros da União Europeia para facilitar o intercâmbio de informações e boas práticas no que diz respeito ao tráfico de seres humanos”.
Além da Espanha, países como Portugal e Itália promovem encontros internacionais de promoção da proteção dos direitos dos migrantes contra a exploração, do Brasil para Estados Membros da União Europeia.
ig.com.br
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