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domingo, 26 de agosto de 2012

Duas jovens são assassinadas em suposto caso de homofobia


  • Jovens mantinham relação homoafetiva
Duas jovens foram assassinadas na noite desta sexta-feira, 24, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Laís Fernanda dos Santos, 25 anos, e Maiara Dias de Jesus, 22 anos, que moravam juntas há quatro meses e mantinham uma relação homoafetiva, foram mortas a tiros quando estavam juntas na rua Alto da Cruz.
Maiara foi baleada na cabeça e Laís foi atingida por quatro tiros em várias partes do corpo. Os tiros que mataram as duas garotas vieram de uma única pessoa, que ainda não foi identificada pela polícia.
Familiares das vítimas acreditam em crime de homofobia. "É o único motivo, porque elas não tinham envolvimento com drogas, nem problema com ninguém. Não pode ter sido ao acaso", disse o padastro de Laís, Edenil Nunes dos Santos.
O crime foi registrado na 18ª Delegacia de Polícia, em Camaçari. O Serviço de Investigação (SI) apura se o crime tem origem homofóbica, mas o laudo da perícia continua inconclusivo.

Histórico de homofobia em Camaçari

Na madrugada do dia 24 de junho, os gêmeos José Leonardo da Silva, 22 anos e José Leandro foram espancados por cerca de oito pessoas quando voltavam do Camaforró, em Camaçari (Grande Salvador). Eles não imaginavam que o gesto inocente de caminhar abraçado com o irmão geraria a agressão. Leonardo morreu no local ao receber várias pedradas na cabeça, enquanto Leandro foi levado ao Hospital Geral de Camaçari com um afundamento na face, mas já recebeu alta.
Os agressores, que não tinham passagem na polícia, foram presos no mesmo dia do crime e estão custodiados na 18ª Delegacia (Camaçari). A delegada da 18ª DT, Maria Tereza Santos Silva confirmou tratar-se de um crime de homofobia. Segundo ela, os agressores pensaram que os gêmeos fossem um casal homossexual. "Os agressores e as vítimas não se conheciam e não tiveram nenhuma briga anterior, por isso acho que a motivação seja a homofobia”, explicou a delegada.
A delegada relata que o grupo desceu de um micro-ônibus ao ver os gêmeos abraçados e iniciou as agressões. “Eles alegaram que acharam que era um homem e uma mulher brigando”, conta Maria Tereza. Após as investigações, ela indiciou três das sete pessoas conduzidas para a delegacia. Douglas dos Santos Estrela, 19; Adriano Santos Lopes da Silva, 21; e Adan Jorge Araújo Benevides, 22; foram autuados em flagrante por homicídio qualificado (por motivo fútil) e formação de quadrilha. Diogo dos Santos Estrela, irmão de Douglas, está foragido.
Covardia e brutalidade - Segundo a delegada Maria Tereza, durante as agressões, Leonardo reagiu, conseguiu tomar a faca da mão de Diogo e saiu caminhando. Ao ver Leonardo com a faca que pertencia a Diogo, Douglas perguntou onde estava seu irmão. “Leonardo respondeu que não sabia. Douglas pediu para ele largar a faca e conversar. Depois, Adriano meteu um paralelepípedo na cabeça de Leonardo e Douglas pegou a mesma pedra e golpeou várias vezes a cabeça da vítima”, relata a delegada Maria Tereza. Adan foi o que desferiu os socos que provocaram o afundamento na face de Leandro, que sobreviveu.
Homofobia cultural - Para a delegada Maria Tereza, o crime contra os gêmeos mostra um problema social. “Estamos no século 21 e matar uma pessoa porque é homossexual é um absurdo. Um jovem pagou com a vida porque foi confundido com um gay”, destaca a delegada. O presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, afirma que o episódio demonstra claramente o grau de homofobia cultural presente na sociedade. “Esse caso mostra o perigo que é ser homossexual e demonstrar carinho em público. A gente repudia a situação e chama a atenção para a aprovação da lei que torna a homofobia crime no Brasil. Enquanto isso não acontecer, muitos casos vão se repetir”, ressalta. “Defender os direitos dos homossexuais é defender os direitos humanos”, completa.
A TARDE

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