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quinta-feira, 27 de junho de 2013

O antes e depois dos protestos soteropolitanos: o que mudou nas manifestações

O #FocaNaCopa acompanhou os protestos e faz um balanço do que mudou nesses dez dias



Exatos dez dias depois da primeira manifestação inspirada pelos protestos que pedem o passe livre, Salvador sediou mais uma movimentação para reivindicar, entre outras bandeiras, melhorias na mobilidade. O #FocaNaCopa esteve nos protestos e faz um balanço sobre as principais mudanças ocorridas entre a segunda-feira (17), quando uma passeata pacífica ocupou a região do Iguatemi e Tancredo Neves, e esta quinta (27), na manifestação que alcançou a prefeitura da cidade e terminou com o passe livre na Estação da Lapa.


Protestos em Salvador completam dez dias (Foto: Natália Falcón)

O saldo, do ponto de vistas dos manifestantes que participaram de todos os protestos, é positivo. O desenvolvimento de uma maior organização é apontado como um dos principais avanços do movimento. Apesar da chuva que esteve presente durante toda a passeata, o grupo que foi às ruas girou em torno de duas mil pessoas e capas de chuva e sombrinhas não faltaram para manter as mensagens dos cartazes e as tintas dos rostos o mais conservadas possível.
Organização
Entre as principais melhorias, os manifestantes que participaram de todos os movimentos destacam a evolução no que se refere à organização dos participantes. "O movimento está mais organizado, com uma maior pluralidade  e mais expressivo", avalia o estudante de Direito Paulo Cruz, 19 anos. De acordo com os ativistas a tendência é que o movimento comece a pautar as decisões municipais.
A ordem também se refletiu nas pautas e bandeiras levantadas. No primeiro "bocejar baiano" do gigante, os cartazes e discursos tratavam de saúde e educação a tarifa zero nos transportes, além de passar pela PEC 37, corrupção política e financiamento da Copa das Confederações. A queda da proposta de emenda à constituição que limitaria o poder de investigação do Ministério Público e o anúncio de pacotes pela presidente Dilma, parecem ter direcionado as demandas para a mobilidade urbana. A maioria dos pontos presentes na carta protocolada na manhã desta quinta se dedicam à redução e congelamento das tarifas, ônibus durante 24 horas, entre outras. 
Revolta
As ações violentas da Polícia Militar, com destaque para os conflitos entre manifestantes e oficiais nos protestos de quinta-feira (20) e sábado (22), funcionaram como combustível para muitos ativistas. " Foi surreal o tratamento da PM no Dique e no Iguatemi. Isso agrega", conta Camila Souza, de 18 anos, estudante de Produção Cultural.
A repressão policial também motivou a presença da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Vamos acompanhar a manifestação popular. Garantir o direito de ir e vir e evitar as repressões ilícitas de movimentos anteriores", explica o advogado Eunadson Barros, de 38 anos. Cerca de dez advogados compareceram ao movimento para interceder em caso de prisões.
Muitos manifestantes também mencionaram a presença de pessoas violentas em meio aos protesto pacífico como um ponto negativo da proporção alcançada pelo movimento. "Aumentou a tolerância com outros movimentos sociais, mas algumas pessoas não têm boa intenção", analisa o estudante de Jornalismo, Yuri Silva, de 18 anos.


Movimento está mais organizado e mais focado no transporte público (Foto: Natália Falcón)
Polícia
Talvez por ter se dado conta do poder que câmeras e celulares têm no registro de atitudes excessivas, os oficiais da Polícia Militar se comportaram de forma mais adequada durante o protesto desta quinta. Uma semana atrás, agressões e lançamentos indiscriminados de bombas de efeito moral, gás de pimenta e balas de borracha colocavam em cheque a segurança que deveria ser oferecida pelos oficiais.
Negociações e ponderações marcaram os impasses do último protesto. Inicialmente os manifestantes encontraram um bloqueio policial na Praça Castro Alves, que foi desmontado após a garantia de uma passeata pacífica. A barreira na Prefeitura também foi respeitada e a garantia de uma audiência pública na próxima quarta-feira (3) dispersou o movimento em direção da Estação da Lapa. O final feliz só não foi completo por conta de um grupo que apedrejou dois ônibus e ateou fogo em containers de lixo, o que foi sucedido por disparos de bombas de gás lacrimogêneo. 


Manifestante negocia avanço da passeata com a PM (Foto: Natália Falcón)
Correio da Bahia

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