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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

PM abre inquérito para investigar policiais envolvidos em morte de vendedor


Família diz que PMs agrediram vendedor


Foto: Reprodução
Paulo Gabriel foi morto em quarto de motel



A Polícia Militar informou nesta segunda-feira (7) que irá abrir um inquérito para apurar o caso envolvendo policiais da corporação que terminou na morte de um homem em um quarto de motel no Jardim das Margaridas no domingo. O prazo para a conclusão do inquérito é de 30 dias, segundo a assessoria de comunicação da PM. 
Os três policiais envolvidos são da 49ª Companhia Independente de Polícia Militar (São Cristóvão) e foram chamados para o motel Korpus porque o vendedor Paulo Gabriel Santos Martins, 39 anos, estaria causando tumulto no local. Os policiais disseram que ao chegar no local, Paulo atirou contra eles. Eles revidaram e o e vendedor foi baleado, morrendo a caminho do hospital.
A família de Paulo, porém, contesta esta versão e, baseada no atestado de óbito emitido ontem pelo Instituto Médico Legal, afirma que o vendedor, além de baleado, foi agredido pelos PMs.
Segundo a Polícia Civil, os funcionários do motel também disseram que foram informados que Paulo estava armado. No quarto onde o crime aconteceu, foram recolhidos vestígios de cocaína. A adolescente que estava no quarto foi ouvida hoje, mas o conteúdo do depoimento não foi divulgado.
Depoimentos
O delegado Reinaldo Mangabeira, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), foi quem ouviu os PMs. Segundo ele, os militares relataram que foram chamados por funcionários do motel porque Paulo estava gritando e atirava pela janela.

Afirmando que Paulo portava um revólver 38 e havia consumido cocaína, os PMs disseram ao delegado que falaram com o vendedor, mas que ele continuou gritando e duvidou que aqueles homens fossem policiais. O giroflex do carro da PM chegou a ser ligado para provar, o que não surtiu efeito. 

Ainda segundo a versão contada pelos PMs ao delegado Mangabeira, quando os policiais entraram no quarto pelos fundos - com uma chave reserva -, foram recebidos com três tiros, que não atingiram ninguém. Ao revidarem, eles teriam baleado a vítima no braço e nas costas. 

“Eles disseram que Paulo, já sem a arma e baleado, ainda conseguiu sair do quarto correndo, mas foi contido por outro policial e socorrido para o Hospital Menandro de Farias, mas não resistiu”, relatou Mangabeira.
Família acusa policiais militares de agredirem vendedor até a morte
Depois que o corpo de Paulo Gabriel foi liberado do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, na tarde de ontem, a família descobriu que a causa da morte do vendedor não foram os disparos dos policiais da 49ª CIPM. No atestado de óbito, ao qual o CORREIO teve acesso, constam três causas: hemorragia encefálica, traumatismo crânio encefálico e instrumento contundente.

“Ele foi espancado até a morte. O médico do IML  informou que o tiro atravessou o tórax e que ele foi algemado e recebeu várias pancadas na nuca”, disse a ex-mulher de Paulo Gabriel. O corpo de Paulo será enterrado hoje, no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas.

O Departamento de Comunicação da PM informou que, de acordo com o relato dos três PMs envolvidos na ocorrência, o caso foi classificado como Auto de Resistência, quando a vítima resiste à ação policial. “O relato dos policiais é que ele tinha atirado contra a menor e que ofereceu resistência mesmo ferido. Ela disse que consumiu cocaína com ele, mas só o laudo vai confirmar”, disse o capitão Alexandro Messias.

O oficial disse que não conseguiu localizar os policiais para questioná-los sobre a acusação de espancamento. “O fato vai ser apurado pelo PM. Cabe a instalação de um IPM (Inquérito Policial Militar), mas pode ser precedido por uma sindicância. Amanhã (hoje) vamos definir”, concluiu o capitão.
Correio da Bahia

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